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Sejam Bem-vindos!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amor animal em fotografias

Saudações!

Começando bem hoje, vou mostrar uma seleção de fotos, e sem surpresa, já que sou um amante das boas e clássicas fotografias, principalmente aquelas que mostram a naturalidade, sentimento verdadeiro e forte, e como estou num momento apaixonante de minha vida, digamos, num ápice amoroso intenso.

Abaixo começo pela maioria, minhas preferidas, em preto e branco.































Agora, algumas coloridas.








E por ultimo, não poderia faltar a nossa espécie.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Efeito Placebo: O Poder da Pílula de Açúcar

Saudações!

Depois de um tempo ausente, não pude postar nada, obviamente, devido a correria da vida e alguns fatos. Pois bem, hoje poderei repassar um texto, que, na qual, muito interessante sobre o efeito Placebo, e para quem não sabe e gostaria de saber, vale muito a pena ler, e quem já sabe, conhecer os 'milagres' da Pílula de Açúcar.




Quando um medicamento é receitado ou administrado a um paciente, ele pode ter vários efeitos. Alguns deles dependem diretamente do medicamento, ou seja, de sua ação farmacológica. Existe, porém, um outro efeito, que não está vinculado à farmacologia do medicamento, e que também pode aparecer quando se administra uma substância farmacologicamente inativa. É o que denominamos “efeito placebo”. É um dos fenômenos mais comuns observados na medicina, mas também um dos mais misteriosos.

O efeito placebo é poderoso. Em um estudo realizado na Universidade de Harvard, testou-se sua eficácia em uma ampla gama de distúrbios, incluindo dor, hipertensão arterial e asma. O resultado foi impressionante: cerca de 30 a 40% dos pacientes obtiveram alívio pelo uso de placebo!

Além disso, ele não se limita a medicamentos, mas pode aparecer em qualquer procedimento médico. Em uma pesquisa sobre o valor da cirurgia de ligação de uma artéria no tórax na angina de peito (dor provocada por isquemia cardíaca crônica), o placebo consistia apenas em anestesiar o paciente e cortar a pele. Pois bem: os pacientes operados ficticiamente tiveram 80% de melhora. Os que foram operados de verdade tiveram apenas 40%. Em outras palavras: o placebo funcionou melhor que a cirurgia.



O que é o efeito placebo? Como ele pode ser explicado?

Neste artigo vamos examinar as bases neurobiológicas do efeito placebo, de acordo com as hipóteses mais recentes. Estudar e compreender melhor o efeito placebo e seu lugar na medicina tem grande importância para o próprio ato terapêutico, além de ter grandes repercussões éticas na prática e na pesquisa médica. Vamos concentrar nossas explicações sobre um tipo específico de placebo, que é o agente farmacológico (medicamento). Mas os princípios discutidos podem ser generalizados para qualquer tipo de placebo.



O que é o efeito placebo?

A palavra placebo deriva do latim, do verbo “placere”, que significa “agradar”. Uma boa definição é a seguinte:


“Placebo é qualquer tratamento que não tem ação específica nos sintomas ou doenças do paciente, mas que, de qualquer forma, pode causar um efeito no paciente.”

Note bem a diferença: placebo é o tratamento inócuo. Efeito placebo é quando se obtém um resultado a partir da administração de um placebo.

O conhecimento sobre o efeito placebo ampliou-se muito com a necessidade da medicina realizar ensaios clínicos controlados, que são uma metodologia científica muito utilizada para determinar a eficácia terapêutica de novos fármacos.

Nestes ensaios administra-se obrigatoriamente um placebo a um grupo controle de pacientes, e depois se compara os resultados com os obtidos no grupo que recebe a medicação ativa, cuja ação se pretende demonstrar. Quanto maior a diferença nos resultados entre o segundo e o primeiro grupos, maior a eficácia farmacológica da substância em estudo.

Os médicos logo notaram nesses estudos que os placebos tinham muito mais efeitos sobre a doença estudada do que podia se esperar. Em alguns casos, os efeitos colaterais (indesejados) dos placebos chegavam a ultrapassar os do medicamento ativo. Em consequência, houve um aumento grande nas pesquisas científicas com a finalidade de esclarecer melhor o que é esse efeito, por que ocorre, qual a sua base fisiológica, etc.

Como o efeito placebo pode ser real, ou seja, provocar mudanças benéficas no paciente, ele pode ser útil na prática clínica. Isso é inclusive permitido pelo código de ética médica.


Tipos de placebo



Os placebos são classificados em dois tipos: inertes e ativos.

Placebos inertes — são aqueles realmente desprovidos de qualquer ação farmacológica, cirúrgica, etc.

Placebos ativos — são os que têm ação própria, embora, às vezes, não específica para a doença para a qual estão sendo administrados.

Diz-se que os placebos têm efeito positivo quando o paciente relata alguma melhora, e efeito negativo quando eles relatam que houve piora ou surgimento de algum efeito colateral desagradável (nesse caso o placebo é chamado de nocebo, palavra que deriva do latim nocere, ou provocar dano).

Uma conclusão interessante é a seguinte: toda medicação administrada, além do seu efeito real farmacológico, tem também um efeito placebo, e eles dificilmente podem ser separados um do outro.


O que causa o efeito placebo?



Surge então a pergunta: se o efeito placebo não deriva de uma ação provocada no organismo do paciente, de onde vem ele?

A ciência médica ainda não explicou completamente qual a causa (ou causas) do efeito placebo. Mas, ao que parece, ele resultaria da espera do efeito por parte do paciente.

Como se explica isso? Existem diversas teorias, decorrentes de diversas escolas da psicologia. A que adotaremos aqui, e que parece ser uma das mais prováveis, é a do reflexo condicionado. Você deve se lembrar dele: foi descoberto por um fisiologista russo chamado Ivan Pavlov no final do século passado, que ganhou o primeiro prêmio Nobel de Medicina, em 1902. Ele é conhecido popularmente pelo famoso experimento do cão que salivava ao ouvir um sino.

A ideia geral é que o efeito placebo surge como um reflexo condicionado involuntário por parte do organismo do paciente. A seguir veremos como isso acontece.


Reflexos Condicionados

Segundo a teoria de Pavlov, podemos compreender o funcionamento do sistema nervoso como dependente de reflexos, ou seja, respostas a estímulos provenientes do meio externo ou do interno. Um estímulo sensorial, venha de dentro ou de fora do organismo, atinge um receptor e provoca modificação das condições orgânicas e, em consequência, uma resposta que pode ser motora, secretora ou vegetativa.

Existem dois tipos de reflexos: condicionados e incondicionados.

Os reflexos incondicionados são aqueles com os quais os animais nascem, adquiridos ao longo da evolução de sua espécie, ou filogênese. Por exemplo, se colocarmos comida na boca de um cão, ele começa a salivar. Isso está determinado dentro do seu próprio sistema nervoso.

Os reflexos condicionados são aqueles que os animais adquirem durante suas vidas, ou ontogênese. Eles são um dos tipos de aprendizado de que o sistema nervoso é capaz. À medida que determinados estímulos ambientais vão agindo sobre eles, formam respostas condicionadas a esses estímulos. Logicamente, para que essas respostas condicionadas surjam, elas têm que se basear em respostas incondicionadas. No experimento clássico de Pavlov, tocar o sino não causava nenhuma salivação no cão, mas depois dele apresentar o sino repetidamente em conjunto com o estímulo incondicionado (a comida), o cão começou a salivar em resposta ao sino, apenas.

Pavlov definiu o reflexo condicionado como:


“uma conexão nervosa temporária entre um dos inumeráveis fatores do ambiente e uma atividade bem determinada do organismo”.

Ou seja, o reflexo é uma conexão temporária entre um estímulo qualquer do meio ambiente e um reflexo incondicionado do organismo, que passará, assim, a ser condicionado, despertado por aquele estímulo ambiental, até então previamente indiferente.


Modificando a Reação a Medicamentos Pelo Condicionamento

Este é um tópico importante para podermos entender o efeito placebo. Vamos entendê-lo através de um experimento simples:


após fazer soar um estímulo sonoro, aplica-se, em um cão, uma injeção de acetilcolina. Em resposta à acetilcolina, o cão tem hipotensão (queda da pressão arterial). Se, depois de diversas combinações do som com a injeção, substituirmos a acetilcolina por adrenalina, o cão continuará a ter hipotensão. Deveria ter hipertensão (aumento da pressão arterial), portanto o condicionamento mudou completamente a resposta ao segundo agente. A ação farmacológica da adrenalina foi anulada. Seria de se esperar que o cão, ao recebê-la, tivesse aumento da pressão arterial; mas como está recebendo aquela injeção temporalmente associada ao estímulo sonoro, que para ele é sinal de hipotensão, sua pressão continua a baixar. O organismo do cão ignora o efeito farmacológico da adrenalina e obedece ao sinal de hipotensão, registrado no sistema nervoso central.

Fato muito importante é que diversos estímulos ambientais podem conjugar-se entre si, formando uma verdadeira cadeia, e qualquer desses estímulos pode agir como sinal e por em marcha o reflexo condicionado. Outros estímulos do ambiente podem apresentar o mesmo efeito, como, por exemplo, a entrada na sala onde a experiência se realiza, a visão do experimentador, a audição de sua voz (mesmo fora da sala), etc.


Reflexos e Linguagem em Seres Humanos

E no ser humano, o que aconteceria? A mesma coisa. Existem diversas experiências mostrando que o homem tem suas funções tão condicionáveis quanto as dos animais. Por exemplo: doentes com dor intensa, provocada por uma doença chamada aracnoidite, que recebiam injeções endovenosas de novocaína (um anestésico), tinham alívio da dor e dormiam. Nesses mesmos doentes, depois de algum tempo, com a troca da injeção de novocaína por soro fisiológico (uma solução fraquinha de sal), continuavam a ocorrer alívio da dor e sono.

No homem existe ainda algo importante a ser considerado. Segundo Pavlov, nos animais existe apenas o que ele chamava de primeiro sistema de sinais da realidade. Trata-se dos sistemas do cérebro que recebem e analisam os estímulos que vêm de fora e de dentro do organismo (por exemplo, sons, luzes, nível de CO2 no sangue, movimentos intestinais, etc).

No ser humano, além desse primeiro sistema de sinais, existe um segundo sistema, o da linguagem, que aumenta as possibilidades de condicionamento. Para o ser humano, a palavra pode ser um estímulo tão real, tão eficaz, tão capaz de nos mobilizar como qualquer estímulo concreto, e, às vezes, até mais. Além disso, o fato de a palavra ser simbólica, ser uma abstração, permite que o estímulo condicionado seja generalizável.


Um exemplo?

Se condicionarmos um homem dando-lhe choques na mão após ouvir a palavra campainha, haverá reação de defesa com retirada da mão. Depois de algum tempo, ao ouvir a palavra campainha, em seu idioma natal ou em algum outro que ele entenda, assim como ao ver uma campainha, real ou em foto, o homem terá a mesma reação de retirada da mão. Por quê? Porque o homem não foi condicionado a um conjunto de sons, como foi o caso do cão, e sim a uma abstração: a ideia da campainha.

Outro exemplo de experiência de condicionamento em seres humanos: dá-se choque na mão de um sujeito após ele ouvir a palavra caminho, provocando retirada da sua mão. Depois de algum tempo, ouvindo a palavra caminho, esta pessoa retira a mão, fazendo o mesmo, também, ao ouvir sinônimos: estrada, via, rota, etc.


O Efeito Placebo como Condicionamento

Chegamos, então, a uma explicação fisiológica bastante convincente sobre o efeito placebo: trata-se de um efeito orgânico causado no paciente pelo condicionamento pavloviano ao nível de estímulos abstratos e simbólicos.

Segundo essa explicação, o que conta é a realidade presente no cérebro, não a realidade farmacológica. A expectativa do sistema nervoso em relação aos efeitos de uma droga pode anular, reverter ou ampliar as reações farmacológicas desta droga. Pode também fazer com que substâncias inertes provoquem efeitos que delas não dependem.

Poderíamos então definir efeito placebo como o resultado terapeuticamente positivo (ou negativo) de expectativas implantadas no sistema nervoso dos pacientes por condicionamento decorrente do uso anterior de medicação, contatos com médicos e informações obtidas por leituras e comentários de outras pessoas.


Conclusões

Existem duas maneiras de encarar o efeito placebo:
para quem faz pesquisa clinica, estuda um medicamento novo e quer determinar seu real valor, o efeito placebo é um estorvo: constitui um conjunto de efeitos não medicamentosos a serem eliminados, na medida do possível, com auxílio de técnicas de pesquisa;
na prática médica, o efeito placebo pode ser útil, pois esses efeitos não medicamentosos podem ser benéficos ao paciente. A ação curativa de agentes terapêuticos específicos, farmacologicamente ativos, pode ser reforçada por efeito placebo consequente às expectativas de cura, despertadas nos pacientes dentro do contexto de uma boa relação médico-paciente. Contrariamente, se não houver boa relação médico-paciente, pode ocorrer um efeito placebo negativo de tal monta que prejudique a adesão ao tratamento. O paciente simplesmente ignora a receita ou toma os medicamentos de maneira completamente diferente da que foi prescrita. Mesmo se chegar a tomá-los da maneira prescrita, vai exagerar todos os possíveis efeitos negativos e ignorar os efeitos positivos do tratamento.

Para terminar, lembramos que alguns autores consideram que o efeito placebo tem o seu lado negro, pois as curas a ele devidas favorecem a perpetuação do uso de medicamentos e procedimentos terapêuticos ineficazes e irracionais, como os que acontecem na chamada “medicina alternativa”.



Autor: Julio Rocha do Amaral, MD e Renato M. E. Sabbatini, PhD
fontes: Revista Cérebro & Mente

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Endorfina, prazer, liberdade e mais além...

Saudações!

A semana voou, ou melhor, correu rapidamente, e nesse embalo, descreverei e citarei como extraímos a endorfina,  mas farei um esboço, sou muito objetivo e gosto chegar a ideia final sem prolixidade.

Eu sempre gostei de esportes, apesar de também gostar de uma boa cervejinha. Eu já pratiquei Kung-fu, Jiu jitsu, até Capoeira, já joguei bola, mas o que eu me desenvolvi e bem, pelo que sinto, é a corrida e justamente dedicarei um post futuramente com minhas próprias palavras ao meu esperte favorito. 



Depois de um tempo, tive que ficar em repouso, pois havia lesionado os joelhos, devido ao grande esforço, abusei demais, pairando baixo sobre o asfalto negro, também puderá, estava correndo mais de uma hora em ritmo frenético e quase todos os dias, enfim, dei uma pausa para recuperar a saúde, foi torturante, creio que recentemente voltei com tudo para retomar aquilo que sempre me fez feliz



Endorfina, o hormônio da felicidade, que leva ao prazer adquirido a partir das práticas esportivas,  produzida pela glândula Hipófise e pelo Hipotálamo, é um importante neurotransmissor,  despertando a euforia e o bem-estar. Em resposta ao cansaço físico, ela (endorfina) leva ao relaxamento. 

A endorfina é liberada gradualmente à medida que o exercício é praticado e continua sendo liberada durante os minutos seguintes. Pesquisas dizem que aproximadamente duas horas após a prática esportiva ainda há a liberação do hormônio.



E como todos sabem que o que da prazer, vicia, justamente é essa gana de conquista-la que nos motiva a continuar as atividades físicas, é uma necessidade física e mental, somos levados a ser recompensados depois do esforço com a sensação agradabilíssima. Um ciclo que se repete mais e mais e continuará. Até porque praticamente, quase todas as nossas alterações no humor, irritabilidades, instabilidades emocionais, problemas diários, podemos despejar todos e eliminar com a prática do esporte, que leva a disposição e ao melhoramento do corpo todo.


Efeitos principais das endorfinas:

  • Melhoram a memória;
  • Melhoram o estado de espírito (bom humor);
  • Aumentam a resistência;
  • Aumentam a disposição física e mental;
  • Melhoram o nosso sistema imunológico;
  • Bloqueiam as lesões dos vasos sanguíneos;
  • Têm efeito antienvelhecimento, pois removem superóxidos (radicais livres);
  • Aliviam as dores;
  • Melhoram a concentração.



E com todos esses benefícios, é claro, quem já gostava de esportes, estará muito mais motivado a continuar, vale lembrar que um bom aquecimento ajuda a prevenir lesões, e ao final, um bom relaxamento muscular ajuda desestimular os músculos e relaxa-los para que no próximo dia esteja preparado novamente.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cetraria e Aves de Rapina

Saudações!

Excentricamente retornando, como de praxe, relatando uma arte ainda não experimental por mim e por muitos, mas que a curiosidade aflora quando se fala em Falcoaria ou Cetraria, desde criança penso nisso, quando pela primeira vez me deparei com o desenho do Pica-pau (Woodpecker de Walter Lantz) na qual fazem uma sátira à antiga arte da criação, treinamento e cuidado das aves de rapina.


Da brincadeira ao que interessa, abaixo o artigo em charmoso português tradicional (de Portugal) de introdução na integra sobre o assunto, já que não entendo muito, mas alivia a curiosidade inicial, antes de se aprofundar, quem sabe, futuramente.


Espécies nobres da Cetraria Clássica

As aves de caça constituem um grupo de espécies com características bem definidas que em linguagem cetreira recebem o nome de "aves nobres". A natural faculdade para apresar, a agressividade, a valentia, a velocidade e a força, são alguns dos atributos das aves deste grupo. Distinguem-se de outras aves de rapina, ditas "ignóbeis", onde se incluem dezenas de espécies rapaces, que ao longo da evolução desenvolveram distintas faculdades para procurar o alimento e se especializaram sobre determinados leques alimentares, tendo cada espécie desenvolvido técnicas próprias, incluindo a pesca, a caça noturna, os hábitos necrófagos, ou mesmo dietas exclusivamente necrófagas.

As aves nobres de cetraria constituem, pois um grupo reduzido de espécies do qual distinguimos duas grandes linhagens: "as aves de alto–voo", pertencentes ao gênero Falco, e "as aves de baixo-voo", pertencentes ao gênero Accipiter.
São também utilizadas em cetraria, embora excepcionalmente, algumas espécies do gênero Aquila.
Em todas as aves de presa existe um marcado dimofismo sexual. As fêmeas de todas as espécies são maiores que os machos, recebendo na nomenclatura cetreira o nome de primas, por serem sempre as preferidas para a caça. O macho recebe o nome de treçó por ter, sensivelmente, um terço do peso da fêmea.
Este tão marcado dimorfismo sexual, contrário ao da maioria das espécies de aves e de mamíferos, em que o macho é invariavelmente maior, foi determinado pela evolução e explicado de forma esclarecedora por Diogo Ferreira na sua obra sobre a Caça de Altanaria, publicada em 1616:

"Assim provem a natureza as aves de rapina, sabendo que as mães são as que mais amam os filhos, pelo que fez as fêmeas mais animosas e maiores de corpo, e mais voadoras e de mais força que os machos, para que com as azas alcançassem as outras aves e com as forças as derrubassem, e com as unhas, garras e bico as poderem facilmente matar. E sendo as aves grandes tivessem forças para as poderem levar ao ninho d’onde estão os filhos que há-de manter e criar, pelo que os machos nas aves de rapina são mui pequenos e fracos, d’onde veio aquele adagio antigo dos caçadores: Ave treçuela ni mata, ni buela".


Alto-voo e Baixo-voo: duas técnicas de caça


Alto-voo


É a mais espectacular das modalidades de voo de caça em que se utilizam normalmente falcões.

A ave é largada do punho para o ar para que "remonte", isto é, para que ascenda sobre o terreno de caça até se colocar alto, onde aguardará, descrevendo círculos, ou "tornos", que a peça de caça seja levantada pelo falcoeiro, normalmente com a ajuda de cães.
É também designado lance de "altanaria", ou "voo de espera". O ataque é realizado em rapidíssimo voo descendente, no qual o falcão intercepta a presa, " preando" no ar, ou derrubando a presa ao chão.
Os lances de altanaria praticam-se em grandes espaços abertos e caçam-se voláteis, ou espécies de pena (patos, sisões, faisões, perdizes, pombos, etc.)


Baixo-vôo (Voo baixo)


Modalidade de caça na qual se utilizam açores, gaviões e algumas espécies do gênero aquila.

A ave é lançada do punho enluvado do falcoeiro no encalço da peça de caça, quando esta já se encontra em voo, ou em corrida. A ave caçadora realiza um voo de sprint, descrevendo uma trajetória reta da luva até à presa, de pelo, ou de pena, sendo por isso também chamado "lance à vista", ou ainda "lance a braço-tornado".


OS FALCÕES - AVES DE ALTO-VOO (VOO ALTO)
"O Sacre com chuva, o gerifalte com vento, o nebri com bom tempo"

Falcão Sacre
Falco Cherrug

O falcão sacre é um falcão das regiões desérticas e das estepes da Europa Oriental, Ásia Central e Médio Oriente.

É a mais primitiva e a mais rústica de todas as espécies de falcões. Os falcões sacres são menos ágeis e velozes que outros falcões. Em compensação são dotados de grande força, persistência e valentia.
A sua plumagem é parda, de tons ocráceos, menos vistosa que a dos restantes falcões. O seu tamanho está entre o gerifalte e o peregrino, podendo as fêmeas atingir mais de 1kg.
Foi uma espécie largamente divulgada na Cetraria medieval. É ainda hoje a ave tradicional da falcoaria dos países árabes.


Falcão Gerifalte
Falco rusticolus

Os gerifaltes são falcões da região circumpolar ártica. São os maiores, os mais vigorosos e os mais belos de entre todos os falcões.

Na Idade Média foram considerados verdadeiras jóias e nalguns países a sua posse e utilização na caça foi considerada uma prerrogativa real. Caracterizam-se pelo seu grande poder de ascensão vertical "subir sobre a cauda", pela grande manobrabilidade no voo de perseguição. As fêmeas, maiores do que os machos, podem atingir mais de 1,5 kg de peso, o que lhes permite aprisionar presas de grandes dimensões. A sua plumagem varia do cinzento escuro até ao branco puro. Os mais apreciados eram os "letrados", assim chamados por terem a plumagem com pequenos pontos negros à maneira de letras. Estes grandes falcões eram aprisionados na Islândia e frequentemente ofertados pelos reis da Dinamarca aos monarcas do sul da Europa.


Falcão Peregrino
Falco peregrinus

O falcão peregrino é considerado o "Príncipe das aves de caça", sendo uma das espécies mais apreciadas para os lances de altanaria devido à velocidade dos seus ataques em voo picado.

Deve o seu nome "peregrino" aos hábitos nómadas e às suas peregrinações errantes, sobretudo na fase adolescente. Está representado por numerosas subespécies em todos os continentes.

Na falcoaria medieval destacaram-se as seguintes subespécies de falcões peregrinos:

Falcão Bafari, ou Baarii (falco peregrinus brokey) - Expressão árabe que significa marinho, ou costeiro. Nome dado na nomemclatura cetreira à subespécie ibérica do falcão peregrino, sendo uma das aves com maior tradição peninsular.
Falcão Nebri (falco peregrinus peregrinus e falco peregrinus calidus) - Termo português antigo que designa as subespécies de falcões peregrinos da Europa do Norte. A plumagem destas aves é mais clara e contrastada evidenciando uma grande beleza. Além disso, os falcões nebris são maiores e mais pesados que os peregrinos ibéricos, motivo pelo qual eram tidos em grande apreço pelos falcoeiros da Europa do Sul.
Falcão Tagarote (falco peregrinus pergrinoides) - Termo que designa a subespécie do falcão peregrino do Norte de África, também conhecido por falcão da Barbéria. Eram trazidos para a penísula pelos mercadores do mediterrâneo, sendo o mais pequeno representante da espécie.


Falcão Lanário
Falco biarmicus


São falcões pré desérticos, parecidos com os sacres mas de menor envergadura. Eram normalmente utilizados como "atalaias", levados sem caparão a fim de detectarem à distância as presas no terreno, sobre as quais eram depois lançados os sacres, os peregrinos e os gerifaltes.

Os falcões lanários são também aves muito rústicas, capazes de viver nos meios mais agrestes . Pela sobriedade do seu regime alimentar, dizia-se na Idade Média que eram falcões próprios para escudeiros.

Destacam-se duas subespécies de lanários muito difundidos na cetraria medieval:
Falcão Borni (falco biarmicus feldeggii) - subespécie europeia do falcão lanário.
Falcão Alfaneque (falco biarmicus erlanggerii) - subespécie ocorrente no Norte de África.



Falcão Esmerilhão
Falco columbarius

É o mais pequeno dos falcões de caça, cujo peso raramente excede os 300g. Apesar do seu diminuto tamanho, o falcão esmerilhão é muito veloz e acrobático, sendo dotado de extraordinária valentia, o que leva a atacar presas de muito maiores dimensões como perdizes e alcaravões.

Por ser pequeno era muito utilizado por senhoras, e principiantes para a caça à codorniz, cotovia e outras pequenas aves. A sua nidificação ocorre no Norte da Europa e Ásia, visitando a Península Ibérica durante os meses de inverno, altura em que era aprisionado pelos falcoeiros medievais.


AS AVES DE BAIXO-VOO (VOO BAIXO)

Gaviões
Accipiter nisus

O gavião é como uma miniatura de açor. Foi talvez a ave mais popular da cetraria medieval. "Ave de Porcelana" assim lhe chamavam por ser bonito e frágil. De facto o seu adestramento e manuseamento são delicados devido ao seu carácter nervoso e assustadiço.

Apenas a fêmea era utilizada para a caça, por ser maior do que o macho. Mesmo assim raramente excede os 300 g de peso . O gavião é um exímio caçador que se alimenta quase exclusivamente de aves, atacando todos os voláteis de tamanho igual, ou inferior à perdiz. A sua presa clássica é o melro, e a sua caça é considerada das mais desportivas.
É uma espécie sedentária e frequente nas áreas do território nacional.



Açor
Accipiter gentilis

O açor é a ave clássica da caça de Baixo-voo. Foi uma das espécies mais utilizadas na cetraria antiga, em período anterior às cruzadas.

Os grego denominavam esta ave por "astéria", estrela lumminosa, por causa da fris amarela doirada dos seus olhos, de cujo vocábulo procede o latino astur e o português açor.
Os açores são caçadores implacáveis. Caçam partindo da luva do falcoeiro em perseguição directa sobre as presas. As perseguições são curtas, porém rápidas, impetuosas e eficientes.
A sua anatomia é distinta dos falcões. São aves florestais, de asas curtas e arredondadas e "leme" longo, o que lhes confere grande capacidade de manobra em voo.
Caçam indistintamente à pena e ao pelo, tanto em terrenos abertos, como em zonas arborizadas.
As fêmeas, maiores do que os machos, podem atingir mais de 1,5 kg de peso, sendo as mais apreciadas para o voo da lebre. É uma espécie sedentária que habita as áreas florestais de toda a Península Ibérica.

Fonte: http://www.ectep.com/falcoes/aves.html