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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dharma

“Outra maneira de olhar a natureza da existência é a partir do ponto de vista de nossa própria percepção, da maneira como experimentamos o mundo individual que cada um de nós habita. Todos os fenômenos que aparentam existir fora de nós estão também contidos dentro deste mundo, porque a nossa experiência real deles somente existe dentro de nossas mentes, intermediadas pelos sentidos. O budismo analisa esse reino da nossa experiência em termos de unidades básicas, ou dharmas, em sânscrito. Em um contexto budista, dharma no singular (muitas vezes começado com uma maiúscula) normalmente significa o ensinamento do Buda, mas esses dois significados da palavra compartilham um princípio subjacente e não são tão diferentes um do outro quanto parecem à primeira vista. Algumas vezes ao traduzir, a pessoa não sabe dizer qual dos dois significados foi pretendido e, algumas vezes, ambos estão implicados ao mesmo tempo.

A palavra dharma tem o sentido básico de manter e apoiar. Seu uso primário é para transmitir as idéias de lei, religião e dever que preservam a sociedade humana e são preservados por ela em uma relação recíproca. Em um nível pessoal significa o papel especial na vida que cada ser vivente nasceu para realizar – a verdade interior da pessoa, a lei pela qual alguém vive. Pode também significar a natureza inerente da qualidade de qualquer coisa, a lei que determina exatamente o que cada coisa é e faz. Assim como o dharma de um rei é reinar, o dharma do fogo é queimar. Nesse sentido, existem inúmeros dharmas, as leis fundamentais de tudo o que existe. Entre eles, certos elementos físicos e psicológicos em particular foram identificados no budismo como estando na raiz de nossa maneira de perceber o mundo.

A ligação entre dharma e os dharmas é a própria idéia de lei interior e verdade. O dharma ensinado pelo Buda revela a verdade sobre a existência, a lei final da vida. Dharma, a verdade em si, manifesta-se espontaneamente como os muitos dharmas, as realidades fragmentadas da existência relativa, temporária. Eles tomam muitas formas, aparecem e desaparecem, ainda assim, em essência, nunca foram nada além da verdade.”

De “Vazio Luminoso” – Francesca Fremantle – Editora Nova Era – páginas 129 e 130

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